quinta-feira, 18 de junho de 2015

#drops ----- As "pequenas notáveis"

Geralmente fazemos viagens planejando conhecer os grandes centros turísticos. Só vai pro "interior" turista que tem tempo sobrando, ou que já conheceu o be-a-bá, ou que faz turismo diferente, que prefere fugir das cidades maiores. 

Mas depois que se conhece a riqueza que há para além das cidades maiores e mais famosas, nunca mais os planos de viagem são os mesmos. Ouso dizer que, pra mim, os mais surpreendentes momentos foram vividos naquelas cidadezinhas de no máximo 20.000 habitantes, aquelas que não são a primeira opção, mas que depois povoam nossos sonhos pra sempre.

Eu poderia enumerar dezenas delas, mas fico com aquelas que mais tocaram meu coração. Cidades muito miudinhas, muito lindinhas, muito únicas, muito autênticas, porque se tem uma coisa que uma cidade isolada, minúscula, de pouquíssimos habitantes, encravada no alto de uma montanha tem, é autenticidade. Então aí está a minha lista:

Piódão

Essa faz parte das chamadas "aldeias de Portugal", tem em torno de 200 habitantes e para chegar nela, partindo da rota do vinho verde pelas marges do Douro, no norte de Portugal, há de se subir a Serra do Açor. Piódão não era pra existir, essa é a impressão que primeiro assoma o turista. Ela fica até hoje isolada, encrustada na terra pedregosa e é todinha composta de casinhas feitas de xisto, uma pedra escura que lembra a ardósia, de janelas azuis, tendo algumas construções, como a igreja, caiadas de branco. Um riozinho a corta, vindo quieto correndo pelo silêncio do vilarejo. Piódão é antiquíssima, tanto que possui, em um terreno aberto à visitação, material arqueológico, que são no caso uns pezinhos desenhados na pedra do chão, que demarcavam os sítios onde cada família de camponês cultivava seu trigo, ou cevada. Com a mecanização, a cidade foi esvaziada, as famílias de camponeses forçadas a urbanizarem-se e a cidade quase acabou, por abandono. Sobrevive porque é tão incrível que virou ponto turístico. Há ali, além da cidade que já merece a viagem, uma estação de esqui que movimenta a região no inverno. No Piódão também se produz queijo de ovelha, delicioso, e mel de urze, forte, pra quem realmente ama mel (como eu).

Toledo

É um bate e volta obrigatório de Madri. Uma cidade medieval construída desde o século III a. C., possui um conjunto arquitetônico impressionante, cheio de igrejas/fortalezas construídas ao longo dos séculos. Toledo tem uma riquíssima história de conflitos, de riqueza, de decadência, e está tudo ali, nas paredes das construções. E lá viveu Cervantes, o do Don Quixote :)
E, além de toda a beleza e história, Toledo tem codornices, um prato típico feito de codornas, com um molho...uhn... um sabor que deixa a cidade mais linda ainda.
De Madri, vá de ônibus, são uns 45 minutos.

Rothenburg ob der Tauber

É claro que eu ainda vou fazer um post sobre a rota romântica da Bavária, mas por enquanto limito-me a falar dessa jóia linda, cidade medieval emuralhada e completamente bem cuidada, ajardinada, florida, limpa e organizada, de nome comprido e difícil de falar. Rothenburg é parada obrigatória da rota e vale a pena dormir por lá (como fizemos). Vale inclusive ficar na guest house que ficamos (Rödertor), com quartos super confortáveis, café da manhã delicioso e com um dos melhores restaurantes familiares da cidade. Rothenburg ainda é rodeada por lindos campos de vinhas, uma igreja do século

Tiradentes

Eu nunca vou parar de me surpreender com a rica história do Brasil guardada nas cidades históricas de Minas Gerais. Tiradentes foi uma descoberta e me deixou completamente apaixonada. A cidade é muito linda, talvez a mais linda cidade histórica que já visitei, completamente preservada, com casarios bem cuidados, com janelas de folhas, coloridas, floridas, paredes caiadinhas de branco, ruas de pedras amarelas que contrastam com o céu azul e a moldura da Serra da Canastra que circunda a cidade. Pra melhorar, tem uma culinária de exterminar qualquer projeto verão, mas que vale cada caloria. A cidade ainda surpreende com igrejas belíssimas, do barroco brasileiro, museus muito bem organizados, praças e parques, monumentos e várias galerias de arte e lojas de móveis, tudo com tanto, mas tanto charme, que você começa a ter dificuldade de viver em algum outro lugar que não ali, em meio a tanta beleza e cuidado. Tiradentes é mineira, é brasileira, e é um tesouro.

Brugges

Brugges é linda de doer. E tem chocolate, batata frita e cerveja pros mais exigentes, ou seja, esses três itens ali são levados mais a sério do que você deve estar acostumado. E é linda, de doer. (já falei?), parece saída de um conto de fadas, cada esquina tem uma obra arquitetônica mais espetacular que a outra, circundando o rio, a praça, pontes antigas, torres, parques, mosteiros, igrejas... É linda, dói de tão linda (falei isso já?). E Brugges ainda tem o descaramento de ter charretes, moinhos em um campo verde ao lado do rio. Foi lá que tomei a melhor cerveja da minha vida, numa cervejaria minúscula e artesanal que só vende dois tipos de cerveja, ambas feitas "na cozinha", e nada mais. O nome: De Garre. 

Óbidos

Fica do ladinho de Lisboa e é lindíssima, A cidade medieval, totalmente conservada dentro das muralhas altas, é composta de ruelas de pedras e casinhas caiadas brancas com janelas azuis. De onde quer que esteja é possível ver a muralha, enorme, onde se pode caminhar (sensação de guerreiro medieval muito legal!). A cidade fica coladinha em Lisboa e ao lado do mar, o que dá a ela um clima único, uma mistura de cidade pra passear de chinelinho mas cheia de história. Óbidos é pensada pra fazer a gente feliz. É toda linda, florida, e tem cada doceria... Fora os bacalhaus e frutos do mar que se come nas esplanadas dos restaurantes que ficam super disputados de turistas na hora do almoço. É um bate e volta obrigatório e imperdível.

San Gimignano

Difícil falar dessa pequena. A cidade fica coladinha em Firenze (bate e volta facílimo, de ônibus, passando por Poggibonsi), que pra mim é a cidade mais linda do mundo, na zona rural, em meio às colinas ondulantes da Toscana, rodeada por plantações de oliveiras e de parreiras. É conhecida como a cidade das 13 torres, porque tem 13 construções/fortalezas erguidas ao longo da história da cidadela medieval. As igrejas são fantásticas, assim como as galerias de arte. Há ainda cisternas, ruelas emuralhadas, parques e muita, muita história. E, por fim mas não menos importante, lá encontram-se lojinhas e restaurantes pra se beber o delicioso Chianti, acompanhado de uma legítima massa.

Santa Teresa

Essa é capixabinha e é meu xodó. Porque tem um clima gostoso, porque é a cidade que tem  a maior área de mata atlântica preservada no Brasil, com várias trilhas e parques lindos, porque tem um conjunto de casarios antigos conservado raro de se ver no Estado do Espírito Santo, que demoliu sua história :(, porque tem história, é a cidade de colonização italiana mais antiga do Brasil, porque está se esforçando, ano após ano, por trazer um turismo de alto nível, com eventos fantásticos como o festival de Jazz, e porque tem uma gastronomia diferenciada, com mais bons restaurantes per capta que (creio eu) todas as demais cidades do interior do Estado reunidas. Destaque, nesse quesito, pra uma das causas das nossas idas tão constantes a esse linda cidadezinha, o Café Haus, sempre totalmente impecável. Lá você come com os olhos, mas se surpreende com o sabor. Já fui diversas vezes e o padrão é sempre o mesmo, excelente. Além disso, a chef Kamila Zamprogno não cansa de trazer novidades campeãs de audiência para o cardápio. Café Haus sabe o que faz, e faz muito bem feito.

Sintra

Já falei de Sintra em uma das primeiras postagens, mas falo de novo. É uma cidade simplesmente deslumbrante, com três dos mais belos Castelos que já visitei, uma vista espantosa do alto da montanha/fortaleza para o Oceano Atlantico lá embaixo, e ainda com a Quinta da Regaleira, uma construção neo gótica manuelina cheia de histórias e mistérios cabalísticos judaicos e maçônicos. Sintra é uma jóia da riqueza da história de Portugal e é um passeio imperdível, de um dia inteiro (com muito o que se ver). além disso, estando em Portugal, tem uma gastronomia deliciosa, com bons restaurantes e docerias (os mais famoso travesseiros da periquita --- isso mesmo :) ---- são de lá). De trem, partindo da estação do Rossio em Lisboa, são 45 minutos.

Essas são minhas pequenas notáveis eleitas, mas há muitas outras jóias de que não falei, e muitas ainda (se Deus quiser) por descobrir. Conte-me você também sobre suas descobertas!

Beijos,

Até a próxima.

Mimi.

Para fotos - @emmeioatudoisso

  

sexta-feira, 15 de maio de 2015

Barcelona, Barcelona...

... meu lugar no mundo.

A pergunta que todos fazem pra quem viaja e que quem viaja tem mais dificuldade de responder é: qual a(o) melhor (cidade, culinária, passeio, povo...)? Uma viagem é feita de muitos melhores momentos, as vezes uma cidade surpreende pela simpatia do povo, mas não é tão linda, outras vezes é deslumbrante de linda mas a culinária deixa a desejar, em outras é linda, a comida maravilhosa, mas é muito cara, outras vezes tem "tudo" mas não te faz se apaixonar...

Mas Barcelona....ah... Barcelona tem tudo, e tudo de bom, e pra mim é a cidade que eu escolheria se tivesse que fazer um ranking.

Você quer praia de areia branca, com quiosques que vendem drinks e peixinhos fritos deliciosos? Barcelona tem.
Quer um centro histórico com muralhas romanas, cidade perdida, catedrais góticas, ruelas espremidas entre lojas de designers locais e cafeterias? Barcelona tem.
Quer arte moderna, tipo prédios e catedrais inacabadas de Gaudí, esculturas de Miró, galerias de Picasso, arquitetura de Puig? Barcelona tem.
Quer frio, mas não demais? Tem também.
Quer calor? Pode ir que tem.
Gente simpática, noites animadas e que não acabam nunca, ruas movimentadas 24 horas por dia? Lá em Barcelona tem.
Quer sentar em um bar a tapas e comer uma diversidade incrível de tira-gostos feitos à base de frutos do mar, azeitonas, salsichas, cogumelos, tomando uma cava fresca ou uma cervejinha gelada? Barcelona tem às centenas.
Quer fazer tudo isso com facilidade, tendo ruas bem traçadas, metrôs e ônibus? É só ir pra Barcelona.
Castelo que já foi fortaleza e prisão no alto do topo da montanha, teleférico, parque de diversões, jardins de contos de fadas, parque pra passar um dia inteiro relaxando? Barcelona!

Barcelona é cor, vibração, comida boa, gente simpática, arte pra todos os lados, muita mesmo. E por isso é o meu lugar no mundo.

Se tivesse que apontar "um" defeito em Barcelona seria justamente ela ser tão perfeita, mas tão perfeita, que vive lotada de turistas que nem sempre a tratam com o amor que merece.

Devido a este amor extremo, eu recomendo que se passe uns 10 dias por lá. Mas se você não tem todo esse tempo, cinco dias podem ser bons, mas cinco dias inteiros.

Pra se hospedar, fique por ali perto do Passeig del Angel, Praça Catalunya, Ramblas (se quiser movimento); ou próximo à Sagrada Família, Bairro Eixample, Gracia e redondezas (se quiser mais tranquilidade). Vale lembrar que o acesso para todos os lados é facílimo.

Pra explorar Barcelona não há segredo: é mapa na mão de vez em quando e mapa no bolso na maior parte do tempo, porque logo logo dá pra se situar. tendo como marcos o mar e as ramblas.

No "coração" da parte antiga da cidade, vale a pena andar muito e sem rumo pelas vielas, conhecer o Palau de la musica Catalana; o Teatro del Liceo; a Catedral; a Igreja de Santa Maria del Mar; o Raval e o Born. As ruas são estreitas, um traçado ainda medieval, com muita história e turismo. Ali se concentram pequenos comércios, lojas descoladas, cafeterias e galerias de arte. É por ali também que se encontra as ruínas romanas, no subsolo da cidade, um passeio imperdível.

Indo no sentido da Sagrada Família, a catedral interminada e maravilhosa de Gaudí, recomendo que passe pela Casa Milá, outras das maluquices do artista; e se deixe perder pelo Eixample, um bairro de traçado lindo, com quarteirões em forma de hexágono e com uma arquitetura neo-clássica maravilhosa. As fachadas dos prédios, o forro das varandas... pra quem curte arquitetura tudo é um deleite.

Outro passeio delicioso é pelo Parque Ciutadela e Mercado Santa Catarina (menos badalado e, no meu ponto de vista, mais emblemático que o famoso Mercado Central da Rambla de Catalunya). Pertinho dali, já mais pra dentro da cidade antiga (portanto "voltando" para a Catedral) está a galeria de arte do Picasso, que vale muito a visita. Falei dela numa postagem anterior. É pequenininha, mas muito interessante.

A Barceloneta, à beira mar, é outra delícia. Há muitos pequenos bares (não recomendo os que estão de frente para o mar exatamente, mas os que ficam do outro lado da avenida à beira mar, especialmente em uns bequinhos que partem dessa avenida para a Ciutat Vella (cidade velha), e que vendem frutos do mar no quilo. Você escolhe o bocado que quer, eles pesam e fritam pra você na hora. Fresquíssimos e deliciosos. 

Outra dica preciosa: ao fim de tarde, por volta das 17-18, arrume seu lugar no balcão do Ciudad Condal, um bar à tapas bastante conhecido (e muuuuuito disputado, por isso cheque cedo), localizado na rambla de Catalunya (subindo a rambla). O bar "ferve" de gente e as tapas são muito bem feitas. Recomendo que prove também uma cava local, se não quiser uma cervejinha.

Ahhhh sim!!!! Tem que ir no Parc Guell, outra obra encomendada a Gaudí, que uma casa e um jardim ao mesmo tempo sinistros e alegres, com uma vista linda da cidade (suba até o topo do morro da cruz). O Parc é um museu a céu aberto, ou um parque de diversão para quem curte arquitetura. Lúdico e fascinante. 

Outra boa pedida é, se estiver lá no domingo (a cidade fecha, inteirinha - lembrem-se disso!), ir à "feira das cidades" que acontece atrás da Catedral, no Bairro gótico, com barraquinhas que oferecem o melhor da produção local de azeites, vinhos, cavas, pratos típicos (dos rabos de touro até os peixes frescos). Não tem muito lugar pra sentar, mas ainda assim vale demais a pena. Foi ali que fizemos amizade com o senhor José Maria, um catalão perspicaz e muito culto que nos explicou como escolher a melhor cava, como se comportam os catalães em relação à Madri e à Monarquia. Passamos boas horas em um bate papo maravilhoso. (Detalhe: ele falando em espanhol, sendo catalão, e nós em portunhol. Os catalães são mil vezes mais doces e simpáticos que os madrilenhos que falam espanhol e fingem não entender nem o "bom dia" que damos a eles).

Mais uma infalível: Subir o Montjuic  (de funicular e teleférico) em uma manhã de sol. Mas o segredo não é o Castelo. De lá há uma bela vista (inclusive do espetacular porto de Barcelona) e tal... mas a "cereja do bolo" dessa dica é: vá com um pic-nic na mochila e depois desça o morro à pé, passando pelos jardins encantados... Há muitas galerias de arte e até algumas casas com jardins maravilhoso, cheios de caramanchões, estátuas, trepadeiras, banquinhos. Dá pra sentar e fazer aquela pausa estratégica, ouvindo o som dos pássaros, sem muitos turistas em volta. E nessa mesma descida você pode passar pela Fundação Miró, pelo Museo de Arte Antiga, algumas outras galerias privadas e pelo Museu nacional de Arte da Catalunya, que é lindíssimo (lá no Castelo, pegue um mapinha da região). 

Ah, e eu não cheguei a ver, mas dizem que é maravilhoso o espetáculo das fontes luminosas que fica em frente ao Museu Nacional. 

Por fim, o que recomendo são roupas confortáveis (as pessoas lá são muito descontraídas, ninguém anda super arrumado e além disso, anda-se muito) e ter sempre uma garrafa de água à mão (em Barça o clima é seco, certa vez fui em setembro e o termômetro marcava 42 graus (!!!), eu bebia 8 a 9 litros de água por dia sem perceber, tamanha a secura).

E curtam sempre com amor e com cuidado a cidade.

Molts petons e até a próxima!

Para fotos ---- @emmeioatudoisso

Ps.: estou tentando anexar a conta do instagram ao blog, mas não estou conseguindo. Alguem ajuda?

terça-feira, 28 de abril de 2015

Em meio a tudo isso #drops - Fondamenta della Misericordia; Spritz; pôr so sol em Veneza e o sotaque veneziano

Agora vou intercalar no blog as historinhas que conto e uns drops, ou dicas em gotas (vou tentar ser breve...tarefinha difícil)

A primeira é sobre Veneza e a Fondamenta della Misericordia, o pôr do sol, o sotaque e o spritz veneziano.

Em Veneza há centenas de milhares de hotéis e há centenas de milhares de dicas sobre eles. 

A minha é, independentemente do hotel que escolher, que seja próximo à Fondamenta della Misericórdia. 

Essa Fondamenta (rua, calçada) fica "atrás" (procura google maps) do Parque Savorgnan, portanto próximo à estação de trens central, e é ali que se concentra uma juventude descolada e local. Garanto pra você, estar entre locais em Veneza é uma das últimas maravilhas do mundo.

Nos fins de tarde, com o sol emoldurando as pontes, fazendo brilhar o verde do canal da Fondamenta, e deixando as paredes ocres dos Palacetes com a cor mais incrível desse mundo, vem venezianos do trabalho ou faculdade a pé, gente carregando mochilas, sacolas, telas... alguns trazendo o cachorro de companhia, o pai, um amigo estrangeiro que não fala nem entende nada, vem veneziano do trabalho de barco, trazendo as crianças da escola, estacionando seu "veículo" na beirada do pier e saltando, na maior desenvoltura, para a Fondamenta e eles lotam os bares com seu sotaque delicioso, com o "r" beeeeeem puxado, para tomar seus spritz e vinhos e beliscar seus cichetti. na beirada do balcão, nas mesas, na calçada ou em cima dos barcos atracados.

É também na Fondamenta della Misericórdia que estão dois dos melhores restaurantes que já comi na vida, sem nenhum exagero. Um muito simples, uma trattoria, de comida fantástica, massa caseira e frutos do mar frescos; outro super badalado, com fila de espera, música maravilhosa, gente  descolada e uma grelhda de frutos do mar que me deixa gosto de delícia e saudade na boca até hoje.

Anotem a dica. Vêm mais por aí.

beijos

Para fotos ---- já sabem: @emmeioatudoisso no instagram

domingo, 12 de abril de 2015

"O dia em que perdemos a cabeça em Calcata"...

ou, "Se paredes etruscas falassem", ou "Aquele não era o último dia de nossas vidas mas ninguém avisou", ou "O vinho do hobbit hippie italiano era mágico", ou... 

Pode escolher o nome do filme.

Mas não é filme. É verdade. E eu vivi. Eu, meu marido e minha prima "T", a culpada de tudo. Vou lhes contar...

Era uma vez uma viagem pra Roma. Eu e meu marido fomos passar uma semana lá. Ficamos hospedados na casa da minha prima, T, que mora há uma década naquela cidade espetacular, até que ela nos faz um convite: 

_ Gente, vamos pra Calcata amanhã?

[pausa]

Eu já conhecia Calcata, tinha estado lá quando, em 2009, fiz minha primeira viagem pra zooropa e fiquei escandalizada com a cidade. Como não ficar? Calcata é uma cidade descoberta e erguida pelos etruscos (quase a idade da pedra na Itália). A cidade antiga, separada da nova por um viaduto em um desfiladeiro, tem 70 habitantes. As casas, e hoje estabelecimentos comerciais (pois a cidade, como não podia deixar de ser, virou atração turística) são encravados na pedra. Isso mesmo. as casas são continuação da rocha calcária que sustenta a cidade. É isso. A cidade é emuralhada, todas as casas são de calcário, como as ruas e as muralhas e a pedra embaixo, encrustadas na rocha original. É uma cidade mágica, e mística, e louca, e linda...ainda mais que fica no topo de um morro, e tem uma vista magnífica de uma floresta... Só indo pra acreditar, pra entender. Na década de 70 virou refúgio de hippies e new ages. daqueles de verdade, sabe? Que não comiam carne, não tomavam banho, viviam de escambo, arte, sonho e muuuuuuita erva. Alguns desses permaneceram por lá, alguns ficaram menos hippies, abriram comércios, restaurantes (de comidas naturais veganas ou não) lojinhas de artesanato, galerias de arte. E teve gente que foi pra lá mais recentemente, explorar o potencial do local... Mas Calcata deslumbra. Muito. A qualquer momento você tem a sensação que o Froddo vai aparecer em uma daquelas portas, ou que um duende vai aparecer atrás de um vaso.

[fim da pausa]

Eu e marido respondemos: _ Claro! Que horas?

T: _Ah...lá pelas 16, pra gente não pegar o horário de rush saindo de Roma, porque o trânsito  é tipo o de São Paulo... 

Nós:_ Combinado! Nos falamos no meio da tarde, ok?

T: _Ok!

Só que nada ok. Não conseguimos nos falar. Foi um sufoco para nos encontrarmos e acabamos saindo de Roma no meio do rush. Claro que chegamos em Calcata tarde, já era umas 20h.

Só que a gente não estava a fim de entrar logo em um restaurante, claro... queríamos dar uma voltinha antes pela cidade.

[pausa]

Calcata é super escura, a luz é tênue, parece de lampião, as ruas estreitas. Era fevereiro, alto inverno, à noite, um dia de semana qualquer. Fora os poucos turistas e moradores que estavam nos três restaurantes abertos naquela hora na cidade, não tinha mais ninguém - do verbo uma viva alma - na rua, a não ser nós três. É evidente que eu amei mais ainda!!!!

[fim da pausa]

Começamos a andar, tirar fotos que saiam tremidas pela pouca luz, "trupicando" no calçamento irregular, e a barriga começou a reclamar por uma pasta. Esse pequeno tour nos custou a janta, porque os restaurantes que não estavam fechados estavam com a cozinha fechada.

Vimos então uma luzinha de arandela acesa, uma porta de madeira pequenininha, numa daquelas caverninhas, um gato na porta e uns vasos com lindos gerânios, no que parecia ser um bar. Botamos a cara pra dentro e perguntamos, está aberto?

Uma jovem senhora nos atendeu, e logo atrás dela apareceu um jovem senhor (que batia mais ou menos no nosso ombro, e quase na cintura dela, de cabelos longos mas careca no cucuruto), e disseram, com largo sorriso: "Siiiiii!!!!". 

Entramos.

Era um "barzinho" e o que tinha pra beliscar eram bruschette: de tomate, de espinafre, e de funghi. Pedimos uma tábua mista e três copos (copos mesmo) de vinho da casa. Eles abriram um garrafão e serviram três copos. Inteiros. Até a boca.

Começamos a conversar, comer e beber. Eles contaram que se mudaram pra lá porque desistiram da vida louca da cidade, que juntaram os dois filhos pequenos e foram, que viviam no início praticamente de escambo, porque pra ter calor precisava de lenha e lenha não existe em Calcata, que descobriram a cidade por acaso, quando passavam de moto sem rumo, e por ali ficaram, e que nunca mais saíram... (aquelas histórias malucas que você acha que só existe em filme). E era um casal pouco mais velho que eu e meu marido, com duas crianças... todo mundo bem e feliz. Tudo normal. quer dizer... quase.

É que, como magia, parece que passaram a brotar na nossa mesa outras bruschette e outro copos de vinho, todo mundo começou a falar italiano e perdemos completamente a noção de tempo, como nunca perdi na vida. Acho que saímos do barzinho pra lá da meia noite...

E então despedimos e fomos...

Você pensou "embora?" - NÃO. "Dormir?" - NÃO. "Pro carro?" - NÃO. "Procurar um restaurante aberto?" - também NÃO. Então que diabos fomos fazer? Desbravar Calcata, obviamente.

Perfeitamente sóbrios, coerentes, enxergando tudo, compreendendo tudo... fomos desbravar uma cidade mistica, mítica e mágica, encrustada numa pedra, cheia de gnomos e hobbits pelo caminho.

Molto bene...


Depois de devanear, filosofar e tecer comentários sobre a vida e os números, cabala e magia (discutimos até Jung, que eu nuca li), encontramos uma porta aberta, que dava pra uma "varandinha", que na verdade era um espaço entre a casa, um parapeito e um penhasco de onde se avistava a imensa escuridão da floresta lá embaixo.

Tiramos foto? NÃO. Tocamos a campainha? NÃO. Ficamos na varanda admirando a escuridão e o frescor de 7ºC? NÃO. Claro que NÃO. Como estávamos sóbrios, atentos e cheios de juízo, entramos.

Na nossa cabeça sóbria e atenta aquilo era uma galeria de arte. Maluca, cheia de cômodos labirínticos, uma música de fundo, uma parede com uns 5 casacos pendurados na parede (convidados??? outros turistas???) algumas esculturas... fomos entrando, entrando, entrando, cômodo após cômodo, vimos um buraco no chão cheio de água tampado com um vidro... sempre nos questionando: o que será isso? Até que vimos coisas tipo uma mesa, um sofá, ou sei lá o que que nos fez cogitar que aquilo era, certamente, uma casa! Começamos a voltar pelos cômodos, um, dois, três, direita, esquerda, esquerda, reto...

Mas, antes de sair, tive a brilhante e iluminada ideia de deixar um bilhetinho para o dono da casa. Escrevi em português mesmo, dois minutinhos, e coloquei embaixo da fruteira. 

Felizes com o presente que havíamos deixado nos dirigimos para a porta e, a dois passos dela, uma figura gigante aparece. Sim. Era um homem enooorme (ele devia ter 1,95m de altura que somados ao teor alcoólico, dava a ele uns 2,15m), com uma looooonga barba branca, cabelos longos igualmente brancos e desgrenhados, com sobretudo preto e chapéu. Ele não se assustou (em compensação eu, fiquei boa no ato!). Nos olhou apenas. Minha prima muito docemente disse, com aquele sorriso quadrado e cheio de dentes como o do emoticom: "nós acabamos de invadir a sua casa!" E nós três abrimos um sorriso mais quadrado ainda, daqueles que dóem as bochechas, as lágrimas já juntando no canto do olho, a mente pensando.... puuuuuuuuuuuutttttaaaaaaa meeeeee......... 

O senhor nada respondeu por um minuto (um minuto que, somado ao teor alcoólico pareceram 2h:40), e então disse, sem emoção (não são assim que agem os psicopatas?):

_Vocês a invadiram? Então agora quem vai mostrá-la sou eu.

E trancou a porta atrás de si.

Nesse momento eu pensei: "como será que ele vai matar a gente? Trancar num quartinho, serrar, jogar no fosso... Aqueles cinco casacos serão cinco outras vítimas?"

Mas, se eu estou aqui para contar é poque não é nada disso....

Ele começou a andar na nossa frente mostrando cômodo a cômodo, contando a história da cidade, da casa, e dele. Nós soubemos que ele é o senhor Costantino Morosin, um artista bastante reconhecido na Itália, que foi pra Calcata quando era hippie e new age, na década de 60, que lá viveu como um hermitão, produzindo arte, que foi ele quem fez os bancos de pedra que ficam em frente à igreja da cidade...que lá vive e que de lá não sai, que a casa tem um silo, que ele encheu de água e transformou num tanque onde cria carpas... Uma história fascinante! Então nos dirigiu à porta, a abriu, disse adeus e nos recomendou boa viagem de volta.

E Calcata, que já era pra mim uma cidade mágica, virou uma das melhores histórias da minha vida.

Moral da história: vão, vão, vão. Pra onde for, abram a cabeça e o coração e vão.

Fotos dessa cidade incrível? Segue no instagram @emmeioatudoisso

Mas aqui fica um gostinho

do site italiaoggi.com.br

Do site livingroma.it

Beijos e arrivederci!


quarta-feira, 1 de abril de 2015

Paris - como explorar bem

Demorei um pouquinho pra escrever essa continuação, mas está aqui.

Quando eu vou visitar uma cidade grande - Paris, Londres, Roma, Madri, Lisboa, São Paulo, Curitiba... divido a cidade em quadrantes. Essa geometria simples pode proporcionar uma imersão muito melhor na cidade, já que você pode passar um dia inteiro em um pedacinho, outro dia em outro (as vezes serão dois dias pra cada "pedacinho") e se quiser, depois de completar a geometria, dá pra voltar naqueles locais mais cuti cuti, mais fofis, mais...cês sabem... que fazem a gente sonhar.

Pois então, em Paris não é diferente.

Como contei (não contei!?), já visitei a cidade luz três vezes e a melhor delas, pra mim, foi no friozão do inverno (pegamos o pior inverno dos últimos sei lá quantos anos, mas a cidade era mais francesa, menos turística - dentro da possibilidade de Paris, que fique claro - e portanto mais nossa). Foi em fevereiro de 2012 (com direito a Dia de São Valentim...tudo de mais lindo e maravilhoso desse mundo... --- coraçõezinhos ---).

Catei esse mapinha (do site www.joaoleitao.com) aí embaixo para vocês terem noção de como é a cidade. Devo desde já dizer que andar por Paris é muito fácil, no sentido de localização: GROSSEIRAMENTE, é a região da Sorbonne-Quartier Latin-Louxembourg-Saint Germain-Champs de Mars e a Torre do lado de direito do rio (rive droit); a Ile de la Cité com a Sacre Coeur e o Hopital ao centro; e a região do Marrais-Louvre-Tullieries-Petit e Grand Palais-Champs Elisèes-Arc-Trocadéro-Montmartre (rive gauche).


Na minha opinião, tem que tirar 1 dia inteirinho para os nn. 5 e 6; mais um dia para os nn. 7 e 8; outro pra Ile e nn. 3 e 4, outro pros nn. 1, 8 e 16; um para os nn. 9 e 18 e provavelmente um pro Louvre (eu passei oito horas la dentro e não foi o suficiente, mas tive uma crise claustrofóbica quando vi um gato empalhado que quase miou pra mim).

Os nn. 1, 2, 3, 4, 5, 6 e 18 são pra mim os mais fantásticos. 

No Quartier Latin (5) um passeio magnífico é passar pela famosíssima Rue Mauftard, e comer as delícias que ficam expostas naquelas vitrines. Se não estiver a fim de comer no momento PRESTE ATENÇÃO NESTA DICA DE QUEM É AMIGO: compre e coloque na mochila um vinho pequenininho, água, queijo, baguete (abridor, álcool gel, lenço de papel e canivete é claro que você já estará carregando) e um docinho... uma eclair, um croissant, dois croissant, três, trinta... De lá pode partir em direção ao Panthéon e Sorbonne e dali rumar para Odeon, Rue Bonaparte, aquela região é um sonho, meio medieval, cheia de galerias pequenininhas e lojinhas de arte, arte mesmo, uma mais linda que a outra, artigos de decoração, mini livrarias... depois tome o rumo para o Jardim de Louxembourg, ande a toa, tire mil fotos (pra mim é o jardim mais lindo de Paris e um dos mais lindos do mundo) até achar um cantinho ajeitado para sentar-se (na grama se estiver sol e não estiver úmida) ou em um banquinho e fazer aquele piquenique.  

Se ainda tiver pernas, siga andando mesmo para Saint Germain. A referência é a Boulevard Saint Germain e a Igreja Saint Germain des Près, mas explore toooodo o entorno, na direção do rio e na direção contrária. Se estiver frio vale tomar o vin chaud (vinho quente, ou em bom minerês: quentão) que eles vendem na barraquinha ao lado da Igreja.

Para as meninas: é ali coladinho que fica a City Pharma, a farmácia em que nós piramos (com razão!) pra comprar Avene, La Roche, Vichy (é "vixí", viu gente, não "viqui" que nem o remedinho com cheiro de menta), Bioderma... Fica na esquina da Rue du Four com a Rue Bonaparte (entre metro Saint Germain des Près e Saint Sulpice).

Dali já aproveita a visita a Saint Sulpice, igreja maravilhosa e cheia de história.

Em outro dia, comece já indo pros Invalides, Champs de Mars e Torre (eu subi de escada, não faça isso, a menos que seus joelhos sejam bons). É claro que você, se turista de primeira viagem, vai querer visitar a Torre. Mas, cá entre nós, se não der, fica triste não. Eu gosto mais dela vista de baixo que de cima. De cima há a vista de Paris e tal.. é linda mesmo, mas não vale ficar mais de 2 horas na fila por isso (minha opinião). O entorno da Torre é charmosíssimo, fino, chic (e vocês podem imaginar que o conceito de chic em Paris é um puco mais extraordinário). Passeie...

Dali, se quiser, vá em direção ao Trocadèro (que não tem nenhuma graça) e volte, pra  andar à margem do rio... que é LINDA! Comece pelo lado da Quai Barnly e d'Orsay, aí ATRAVESSE a Pont Alexandre III, umas das obras mais lindas de Paris e vá na direção dos dois museus gêmeos maravilhosos Petit e o Grand Palais, tudo naquele espaço é de tirar o fôlego de tão maravilhoso. Se tiver tempo e disposição, o Museé D'Orsay fica por ali, é lindo de viver.

Outro dia tire pra explorar a Ile de La Citè, a Sacre Coeur (especialmente linda no fim de tarde), o Marais, a Place des Vosges... Eu fiquei particularmente apaixonada pelo Marais, um bairro judeu que ainda guarda bastante características do período pré-Haussmanniano (Georges Haussmann refez toda a urbanização de Paris durante o império de Napoleão III, tornando a cidade aquela lindeza que é hoje), repleta de comércios muito tradicionais. La fica o famoso e realmente delicioso L'aas du Falafel, uma pequena lanchonete que vende um falafel divino; muitas padarias koshes... passages (que são... passagens..., ligando uma viela a outra por dentro de prédios centenários). A dica é: perca-se.

A região do Louvre, Tullieries, Madeleine, Champs Elisèes vai tomar um dia ou dois, a depender de contar com a entrada no museu ou só o passeio pelo lado de fora. O Louvre é gigante, mesmo se quiser só passear pela parte externa dele vai levar umas boas horas, admirando aquele monte de loja de arte. A Champs Elisèes é glamurosa. pelo menos é o que dizem. Eu não acho nada demais. Muito trânsito, muita gente e muito comércio. Saindo Museu e das Tullieries em direção ao Arco, vá pelo lado esquerdo, mais lindo. Explore os entornos.

E um dia você vai querer ir pra Montmartre. Não precisa de um dia inteiro, mas se estiver ali pela Opera Garnier (ma-ra-vi-lho-sa principalmente a noite), Galleries Laffayete, aproveite e rume pra lá. DICA QUENTE: existe um macetinho pra chegar na Sacre Coeur fugindo das centenas de ambulantes (fuja deles, mesmo!!!!! Não olhe nos olhos e ignore completamente. Se você olha, mesmo que de "rabo de olho" eles já vão grudar em você e insistir muito, muito... Eu disse muito? É muito mesmo, a ponto de estragar o momento, o romance e, pros mais sensíveis, o dia!)

Pois então, esse macetinho faz você despistar um bocado desse inconveniente, e ainda te mostra a face mais linda, lúdica, romântica e apaixonante desse bairro que inspirou Van Gogh, Monet, Matisse... mas eu não vou dar a dica aqui, porque a dica é da Lina, do (meu guia favorito) Conexão Paris, uma brasileira-parisiense que destrincha e dá Paris que nem mamão com mel pra gente experimentar: clica aqui que você vai saber como chegar mais lindamente ao topo da montanha (eu fiz o caminho que ela deu, pela Junot). Dica: não coma nos tentadores restaurantes da pracinha lá em cima. É lindo, eu sei, mas a comida é muito mais cara que boa. Na volta, descendo, há alguns bar au vin, pare, tome umas taças com uma tábua de frios com os artistas locais, vale (muito) mais.

Gente, eu não conheço Versailles. Mas sei que é lindo. Se tiver um dia a mais, vá!

Bom, por hoje é só. Quem sabe não faço um post III de Paris falando especificamente de algum canto, restaurante, praça... Vai rolar, fica de olho.

E ja sabem onde encontrar o Em meio a tudo isso no instagram, né: é só procurar por @emmeioatudoisso ou as hashtags #emti #emtidicas #emtiviagens #emtisabores.

Sigam lá!

Beijos,

até breve!!!!!!

terça-feira, 10 de março de 2015

Paris, a cidade que me fez chorar - Mitos e Verdades.


Vou dividir minhas "considerações" sobre Paris em dois posts. 

Nesse vou falar de "mitos e verdades sobre Paris".

Em Paris as pessoas não falam inglês e se você falar inglês eles te tratarão mal - MITO 

Em Paris muita gente fala inglês, principalmente nas zonas turísticas, os garçons, as pessoas que trabalham nas atrações, nos hotéis e não, eles não te tratarão mal se você se dirigir a eles em inglês, a menos que você inicie a frase com "do you speak English" (eu falo isso porque acho o cúmulo da falta de educação. Se você está no país de língua francesa - ou qualquer outra que não inglesa - não vai sair indagando um francês se ele fala inglês, você é que deve iniciar se desculpando por não falar a língua dele. Elementar!).

Maaaas, sim, eles gostam se você arranhar um francesinho. Gente, é uma briga histórica (pausa pra cultura: França e Inglaterra eram inimigas mortais, lembra que quando a família real portuguesa veio pro Brasil estavam sendo defendidos, em Portugal, pela Inglaterra, já que Bonaparte deu ultimato a Dom João?) Pergunte pra sua avó que língua ela aprendeu na escola além do português. Francês! Sim, antes do inglês ocupar o posto de segunda língua mais falada, todos queriam aprender francês. Aí imagina, agora ninguém mais fala francês e querem que os franceses falem inglês. Eu imagino que role uma dorzinha de cotovelo. E compreendo. Então, treina um pouquinho, não custa abordar um parisiense com um "bonjur/bone nui, excuse moá. Je ne parle pá francê. Je vudré uninformacion sivuplê" (já apertei a tecla sap pra você) e terminar a frase com um "merci".

Em Paris você será mal tratado - MITO

Olha, eu sei que tem gente que reclama. Mas estive lá três vezes e fui muito mais bem tratada lá que em Madri, Roma, Londres. Por três vezes eu fui guiada, mais de um quarteirão, ao pedir informação. Já recebi um desconto inacreditável num café careeeeeerrimo do Boulevard Saint Germain tipo assim, do nada, por pura simpatia do garçom (eu não estava sozinha, estava acompanhada do marido, portanto não foi uma cantada). Mas não é só isso. As pessoas respondem com delicadeza, sorriem, nada diferente do que existe em nenhuma outra cidade grande do mundo.

A questão aqui é assim, gente. Francês não é brasileiro, assim como russo não é australiano, peruano não é angolano e vaca não é tigre. Cada ser comporta-se de acordo com o meio ambiente. Vale a sábia lição: em Paris, seja parisiense. Seja gentil na maneira de expressar-se. Não grite. Não interrompa. Não vá pedir informação no horário de pico da padaria à atendente. Eu, como nasci com uma finesse inerente (aham, aham...), nunca tive nenhum probleminha. Comportem-se e tudo será perfeito.

Em Paris  as porções são pequenas e você vai passar fome - MITO

As porões em Paris são ótimas e feitas para pessoas normais comerem bem e se saciar, não para você que tem 1.63 de altura e come 500g no self-service (ops!). Nunca saí de uma mesa lá com fome. Tanto os lanches, quanto os cafés, quanto os pratos, são bem servidos.

Paris é caríssima - MITO e VERDADE

Paris é cara e barata. É uma cidade enorme, com milhares de centenas de opções para todas as possibilidades. Comer/beber nos bares com vista pra Torre Eiffel evidentemente é caro. Mas comer e beber em Marais, no Quartier Latin, na Ile de La cité (desde que não onde os turistas se aglomeram), em Montparnasse... é normal. Muito provavelmente mais barato que ir num restaurante médio aqui no Brasil (em Vitória qualquer restaurante mais ajeitadinho está cobrando R$40,00 um prato simples e individual). Agora, hospedagem... essa sim, é cara.

Paris é CHIC - VERDADE

A cidade é chic, as parisienses são magras, altas e elegantes, os prédios são lindos, estão em perfeita simetria, as cafeterias, os parques, as vitrines das lojas. Tudo lé é muito chique. 

Em Paris as pessoas tem odores "diferentes" do nosso - MITO

Olha, eu tive experiência em Roma, num ônibus em dia de frio, que me deixou traumatizada. Em Paris? Nunca. Pelo contrário. Já me ocorreu de sentir perfumes maravilhosos na rua, porque sinceramente acho que lá o pessoal abusa de bons perfumes. Então as parisienses além de lindas, altas, magras, são chiques e cheirosas (dá uma invejinha, tá?...inevitable).

Paris tem muito turista - VERDADE

Muito mesmo. Por isso recomendo ir no inverno, quando a muvuca diminui, porque sério, o Louvre já vai estar cheio de qualquer jeito, mas no inverno dá pra tolerar mais. Primavera e outono são épocas lindas, mas lota. Superlota. Eu não curto.

Hotel em Paris é caro - VERDADE

Hospedagem em Paris é cara mesmo. É difícil achar um hotel razoável por preço razoável. Geralmente os hotéis com preços razoáveis são horrorosos - velhos, sujos, sem elevador, box apertado, e sem café da manhã...nhaca mesmo! Tem que pesquisar muito, e de preferência mais de seis meses antes, senão há risco de quando achar um hotel em preço razoável ele ser uma pocilga. Os hotéis baratos então nem pensar. Foge! Eu não creio que seja possível haver em Paris hotel barato bom, se até os menos caros são ruins. Se puder pagar um pouquinho a mais, pague. Economiza em outras coisas, sei lá, faz mais piquenique e come menos em restaurante (tem taaaaanto parque maravilhoso pra fazer piquenique!).

Paris é a cidade do amor - VERDADE

Paris é linda, romântica, linda, linda, linda de chorar, linda de emocionar. Se você não estiver apaixonada por alguém, vai querer ou se apaixonar para voltar, ou vai se apaixonar pela cidade mesmo. E eu confesso que chorei, de boba, quando cheguei lá. As lágrimas pularam, como quando a gente vê uma obra de arte maravilhosa, ou ouve uma música que faz os cabelinhos arrepiarem. Paris foi a primeira cidade da Europa que me fez chorar (e nem é a minha favorita... isso de favorita envolve outros fatores...).

Bom, essa brincadeira de mito e verdade vai longe...mas vou parando por aqui. No próximo post venho com dicas de como desfrutar de Paris da melhor forma possível.

Au revoir!

Bisous!

Mimi.

Para fotos, já sabem - @emmeioatudoisso lá no insta.

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

Gracias Totales Buenos Aires

Eu não tenho knowhow pra fazer um post de dicas pra Buenos Aires, porque eu não a conheço tão a fundo para isso.

Então já começo indicando pra vocês "O" site de dicas, "O" meu queridinho, "O" melhor achado e amontoado de tudo quanto há sobre BSAS::::: clica AQUI, no Buenos aires para chicas (que aliás, não é só pra chicas). E, Amanda Mormito, valeu por me deixar mais apaixonada a cada dia por essa cidade que pouco conheço.

Então, o que vim fazer nesse post, foi dar dicas dos lugares clichês, daqueles que todos vão (sendo que nem sempre deveriam), e minhas...hum..impressões sobre eles. Ou seja, o de sempre com um toque de MIMI.

Eu começo por falar do centro de BUE - avenida de Mayo, av. 9 de Julio, av. Córdoba, av. Corrientes, calle Florida e adjacências. 

Você certamente vai andar pelo centro, mas não recomendo que se hospede lá - como fiz à época - porque não tem charme (e BUE tem recantos que encantam) e porque à noite fica bem escuro, sem muitas atrações. 

De dia vale a pena se misturar na multidão da Florida (uma rua-calçadão, ou rambla, espanicamente falando) lotada de lojas, muitas bem interessantes como a Fallabela (pra quem curte artigos para decoração), lojinhas de bugigangas, de cosméticos, algumas daquelas lojas antigas onde se vende roupas boas para os muchachos (meu marido comprou umas polos lindas, uma cachemira...), sorveterias (a Freddo por sinal tem algumas esquinas ali), cafeterias e a lindíssima Gallerias Pacífico, com lojas de grife (como diria meu pai), a MAC (yes...com preços melhores que os daqui, mas piores que os do freeshop)... 

A tal Florida corta perpendicularmente três avenidas enormes: 

Corrientes - onde de um lado (sentido Florida- av. 9 de Julio) ficam alguns outlets (mais afastados, chegando em Palermo/almagro) e o Obelisco, na Plaza de la republica, - e de outro Puerto Madero. 

Córdoba - onde de um lado (sentido Florida-av. 9 de Julio) ficam a (grande) maioria dos outlets que a brasileirada gosta (Adidas, Nike, Puma, Samsonite...) - os outlets começam a aparecer depois do bairro Almagro, a maioria fica já em Palermo, e quem quer achar coisa bacana tem que percorrer não só a Córdoba como também algumas ruas paralelas e perpendiculares como Aguirre e Gurruchaga - e de outro o Puerto. 

Avenida de Mayo - é aqui que você vai encontrar a Casa Rosada, o lindo e tradicional Café Tortoni (coma medialunas, coma!) e o Congresso de la Nacion Argentina. A Avenida é linda, mas decadente, mostra bem o tanto que Buenos Aires deve ter sido exuberante no passado (não me entendam mal, ainda é uma cidade muito linda, mas a recessão é perceptível, prédios históricos mal cuidados, casarões abandonados...).

Vale a pena visitar todas estas avenidas e seus entornos no centro. Nós, por exemplo, tivemos uma aula gratuita de tango no meio da rua, perto da Casa Rosada, no domingo. Fecharam uma rua e havia um professor e vários casais se aventurando. Além de hilário, foi tão lúdico...aquela música ecoando pela rua...

O tour pela Casa Rosada também vale a pena. O palácio é lindo e eu achei interessante ver as salas decoradas do lugar onde saem os decretos da Cristina.

No dia que chegar (de preferência) vá ao Café Tortoni, coma a medialuna (é o croissant deles, delicioso) e já deixe agendado uma noite de tango. Nada de Señor tango - POR FAVOR - NÃO ME FAÇAM VERGONHA! O Café tem um palquinho onde acontecem os shows, é quase privé, o lugar é pequeno, lindo, tem uma história de aproximação com os artistas, e não deixa de ser turístico. Eu indico.

Próximo à avenida de Mayo, mas precisamente na c/ (calle) Tucumán, fica o Teatro Colón, que é maravilhoso e merece muito a visita. 

Saindo do centro eu indico - esse de coração - um passeio à pé: vista seu sapato mais confortável e faça um tour sem pressa pelo bairro Retiro, passe pela avenida Alvear, pelos parques e embaixadas, pela av. del Libertador, Parque Las Heras, Jardim Botânico, Jardim Japonês, entornos do cemitério da Recoleta (entre nele, se quiser, é no mínimo interessante), vá até o MALBA, e ao Planetário Galileu Galilei. Aquela região é cheia de praças, parques, cafés, lindas construções, (a Faculdade de Direito da Universidade de Buenos Aires). Certamente você encontrará uma sorveteria Freddo mais vazia, se estiver a fim peça uma sorvete de doce de leite. É delicioso (tá, eu sei que a Freddo é uma das várias sorveterias deliciosas que há em BUE, mas como disse eu estou dando dicas clichês, quem pode te dar uma lista completa de tudo é a Amanda, do Buenos aires para chicas).

Não deixe de visitar a Livraria El Ateneo Grand Splendid - é esplêndida mesmo, fica na av. del Libertador, entre Retiro e Almagro. A livraria está dentro de um teatro antigo e recuperado e é de tirar o fôlego. Faça como a gente e procure um bom guia da cidade, ou um mini guia que explique a história da arquitetura, das mansões e casarões de BSAS.

Outro passeio que amei foi o da feira de San Telmo. O lance aqui é assim: a feira é gigante, tem que ter disposição pra percorrê-la, mas é uma espécie de museu a céu aberto, Muitas antiguidades, tanto nas barraquinhas quanto (principalmente) nas centenas de lojas que se espalham pela rua principal, pelas paralelas e perpendiculares. Não há necessidade de comprar nada, mas vale a pena conhecer. Escolha um dia de tempo bom, escolha um sapato confortável e caminhe sem pressa. 

Dica 1: coma as empanadas que o pessoal passa vendendo nas cestas. São uma das "delícias mais deliciosas" que já comi na rua. 
Dica 2: na rua principal da feira - c/ Defensa - no número 855, está o "El Desnível" (não sei se o nome é porque o restô fica desnivelado com a rua ou se é porque não tem muito nível mesmo rsrsrsrsr), fato é que foi a parrilla mais gostosa que comi em BUE. A carne (o clichezíssimo chorizo) estava simplesmente perfeita, as papas idem, tudo super bem servido e com preço excelente. Não repare muito na aparência, não é um lugar bonito, mas fica superlotado e é bom, de verdade. 
Dica 3: nesse link há todas as informações sobre a feira, clica aí!

A noite na pracinha de San Telmo rola um som muito bom, os bares colocam as mesas nas calçadas e é um programa que indico - bom, bonito e barato. Vá e volte de táxi e tenha SEMPRE dinheiro trocado para o táxi, ok?

Puerto Madero é um outro point lindo da cidade. escolha um fim de tarde pra ir, tipo na puesta del sol, o visual fica mais encantador ainda. Primeiro passeie por lá, eu tomei um espumante à beira rio, com uma musiquinha lounge ao fundo, super delícia... No Puerto há inúmeros restaurantes, tem que pesquisar o que vale a pena. Nós fomos no turístico Siga la Vaca (eu sei que tem outros melhores) e foi bom, a carne estava gostosa, muita variedade de carnes aliás, de acompanhamentos também, o atendimento é bom e o ambiente super agradável. Lota, tivemos que esperar mais de trinta minutos para conseguir mesa, mas meanwhile recebemos deliciosas empanadas de cortesia... :)

Eu também tenho que falar da Boca, né? Então...não gostei. Que vou fazer!? Achei legais as galerias de arte, fomos visitar um artista - Guillermo Alio - que havia pintado um quadro para mim, por encomenda do meu amore (pausa para o amor... mas não sei como faz coraçãozinho) e essa experiência foi incrível. Mas, o restante, é muito, muito, muito do tipo "vem turista, ver como são coloridas as fachadas e como dançamos tango..." sei lá, não foi minha praia. Mas vá e tire suas próprias conclusões.

Por fim...meu canto favorito - Palermo/Palermo-soho. É lá que eu recomendo que se hospede (tem opções para vários gostos e bolsos) e é lá que eu recomendo que passe pelo menos um dia e uma noite. A região é uma mistura de Vila Madalena com Pinheiros, Benedito Calixto e Savassi. É um bairro bem "europeu" na arquitetura, lotado de bares, cafeterias de conceito artesanal, muitos ateliês (pra quem gosta de design, exclusividade), mini galerias. De dia é lindo, de noite é delicioso. Perca-se. Pra comer eu indico o Caldén del Soho (c/ Honduras, 4701). Esse restaurante escolhemos assim: passamos de dia na livraria el Ateneo e lá aproveitamos para ler um guia de gastronomia de Buenos Aires. Procuramos um restaurante estrelado que tivesse preços moderados e um desses era o Caldén. A partir daí saímos em busca do tesouro, o que nos custou um dia de andanças (por lugares lindos que não tenho a menor ideia de onde são) até encontrar o bendito. sorte que valeu a pena, pois estávamos mortos. A comida foi sensacional, atendimento muito bom, vinho muito bom, ambiente lindo, por preço justíssimo. Lugar bom pra ira a dois, de romance, mas também pra ir com amigos, bater um papo com gosto de vinho.

Pra arrematar:

* entendam uma coisa: acabou a história de BUE ser barata. Não é. Mas também não é uma cidade cara para nós. Se você fizer turismo bom por lá, não vai ser baratinho, mas não vai ser caro. Você certamente vai pagar o justo, o merecido, sair satisfeito e com vontade de voltar.
* eles entendem português, não fica falando portuñol porque é zuado demais.
* eles nos tratam bem, mas nunca, jamais e em hipótese alguma fale mal do país ou da economia deles, eu tenho a impressão que eles não iriam gostar nada. E é muito deselegante.
* troque dinheiro na casa de câmbio dentro do aeroporto. É seguro e o preço não vai variar muito pras casa do centro.
* coma carne, coma batatas (papas), coma empanadas, coma doce de leite, beba vinho argentino (claro, né), coma medialunas... mas não exite em entrar em um restaurante italiano. Eles têm restaurantes espetaculares de massas.
* escolha um mês com clima ameno, pra frio, e seco.
* leve dinheiro sempre trocado para o táxi (existe uma história de que as vezes alguns taxistas de mau caráter devolvem de troco em moeda falsa).
* tente arrumar um transfer do aeroporto pro hotel (eu não gostei dos taxistas que pegamos por lá, um corria como um desesperado, o outro deu cem mil voltas com a gente sem necessidade).
* lá tem muito ônibus, se não quiser andar acho que essa é uma ótima opção. Informe-se.
* se achar um casaco de couro bonito na San Telmo, compra (e traz pra mimmmm...n. 38, ok!?)...meu arrependimento até hoje de não ter feito essa compra porque realmente, o preço era incrível.
* leia o blog que indiquei, da Amanda.

E divirta-se. BUE é linda de viver, cheia de encantos. 
   
Para fotos - segue a conta no instagram: @emmeioatudoisso

Beijos e até breve!

PS.: Gracias Totales é um cumprimento que se tornou um "viral" (na época isso nem existia, mas é como se fosse) na Argentina, lançado pelo vocalista da banda Soda Stereo, que por sinal tocava um rock'nroll muito bom."De Musica Ligera" é deles, sabe?, traduzida pelo Capital Inicial... (Ella durmió, Al calor de las masas, Y yo desperté, Queriendo soñarla, Algún tiempo atrás, Pensé en escribirle, Que nunca sortié, Las trampas del amor....De aquel amor, De música ligera, Nada nos libra, Nada mas queda...)  

quarta-feira, 21 de janeiro de 2015

Arraial d'Ajuda - aonde ir, onde ficar

 
 
No quesito onde ficar, podemos dividir Arraial em três setores.

No centro da cidade as centenas de pousadas ficam dispostas lado a lado nas principais ruas. Ali tudo é relativamente perto, mas quanto mais próximo da Rua do Mucugê ficar, mais perto dos restaurantes vai estar. As principais ruas, além do Mucugê, são as Alamedas dos Oitis e Flamboiants.  Por ali, você estará bem perto dos estabelecimentos (restaurantes, lojas, feiras, bares, supermercado, Banco) e tudo é (relativamente) de fácil acesso (eu amo andar naquelas ruas e sempre dispenso o carro à noite). A dificuldade é que para pegar praia vai ser necessário (para a maioria das pessoas normais, dentre as quais não me incluo, porque ando mais que notícia ruim) pegar transporte. A vantagem é que à noite dá pra fazer tudo a pé.

Na estrada da Balsa há também dezenas de pousadas "pé na areia", ou seja, com estrutura para você sair do café da manhã e já deitar na espreguiçadeira na areia. Em regra ali ficam os hotéis maiores, com restaurante, chalés, bangalôs... Nunca fiquei hospedada lá, mas meus pais já. A dificuldade é que para pegar uma praia diferente da que você está hospedado, vai precisar de transporte, e para sair à noite idem (a menos que fique no restaurante da pousada ou que vá ao Bistrô D'Oliveira, que fica na Estrada). A facilidade é que se quer ficar na "sua" praia, basta descer uns degrauzinhos.

Ao longo das praias do Parracho, Pitinga e Taipe há também pousadas. A aparência delas é ótima, jardins lindos, bangalôs charmosos, mas ficam distantes dos estabelecimentos comerciais.

Eu sempre fiquei no centro e vou continuar ficando (na Villa 2 Santos).

Vou fazer a mini lista das pousadas que conheci (porque fiquei ou algum conhecido ficou) e recomendo. Há centenas de outras boas, não deixem de pesquisar!

Pousada Machê (clica que é link)

Não fica pertíssimo da Rua do Mucugê, mas dá pra ir andando. Os chalés são muito bons, amplos, limpos, a área de piscina é uma delícia e o café da manhã muito bem servido.


Fica na esquina da Flamboiant com a Oitis, muito bem localizada. Os quartos são simples, mas confortáveis e muito limpos. A área de lazer não é muito grande, mas super charmosa. O café da manhã muito bom, e o atendimento excelente.


Bem localizada, também simples, mas confortável. Boa área de lazer, café da manhã bem servido.

Pousada La Luna  (sem site - olha no TripAdvisor)

Bom custo benefício, ótimo para casais de estudantes porque tem um preço bom e um serviço bom. Não fica  muito perto, eu diria que dentro do Arraial é um dos pontos mais distantes do centrinho, mas ainda assim dá tranquilamente pra sair à noite a pé. Os quartos são simples, limpos o café da manhã delicioso. A pousada tem um clima tranquilo e os donos, quando fui, eram um casal de argentinos muito simpáticos.


É difícil eu falar do Villa. Eu e meu marido temos ficado lá desde 2011 e depois de conhecê-la mudamos nosso conceito de boa hospedagem. O que a Villa oferece é um misto de descontraído-elegante, de chic-confortável. A pousada fica bem localizada, dentro de um condomínio ao final da Al. Flamboyant. Os quartos são lindos, a área de lazer deliciosa, tudo limpíssimo. Cada pequeno detalhe é pensado para alegrar os sentidos. O café da manhã? Bom, vá e sinta o prazer de ser servido na mesa, com produtos feitos na cozinha, no dia, frescos e deliciosos. Philip e Stephane, os responsáveis por este paraíso, elevam o conceito de receber bem  que qualquer pessoa pode ter formado ao longo da vida. Não preciso dizer que vamos continuar sempre ficando por lá e que se eu fosse recomendar pra você um lugar para ficar seria lá. Lembrando: é um guesthouse, são 4 suítes apenas, então se você prefere uma pousada mais agitada, talvez não seja o recomendado.   Há, só pra completar, a Villa tem 100% de recomendação no booking, ou seja, todos os hóspedes que já fizeram avaliação no site de ofertas deram 100% em 100% dos quesitos. Então o encantamento não é só meu, né?
 
Sobre as praias do Arraial...
 
...pela ordem, vindo da estrada da balsa há Apaga Fogo, Araçaípe, Mucugê, Parracho, Pitinga e Taípe (não sei se as que seguem são Arraial ou já Trancoso, a orla é quilométrica, dá pra chegar em Trancoso pela areia).
 
As duas primeiras são muito sossegadas, com água quentinha que forma uma lagoa cristalina cheia de peixinhos enquanto a maré não começa a subir  (no verão, até meio dia mais ou menos). Perfeita para crianças e um paraíso pra quem quer mais sossego. Ali você vai encontrar algumas boas estruturas de praia, geralmente dos hotéis e pousadas que ficam na estrada da balsa. Recomendo a barraca do Sting, a Corujão e a Verde Água Mar, que fica sob os cuidados do simpático Gil (que faz drink, serve as mesas e ainda cuida dos caiaques na maior desenvoltura!). Os petiscos que comemos nesses lugares estavam gostosos, assim como os drinks (destaque pro Spritz da Corujão e pro suco verde da Sting), o atendimento é bom, banheiro limpinho e música boa. Informe-se sobre as festas à noite, porque na alta temporada sempre rola um luau, mas não divulgam muito, é mais privé, bem legal mesmo.
 
A praia do Mucugê eu não gosto. Lá aconteceu o pior tipo de intervenção humana, que degradou o meio ambiente. As barracas são feias, têm mal aspecto e tomam a areia da praia, a maré sobe e chega rapidamente às mesas. Há muitas barracas para pouco espaço, ficam lotadas, do tipo de lotação que incomoda e o serviço não recomendo (anos luz do profissionalismo e da limpeza das barracas de outras praias). O preço, contudo, é mais acessível. Mas bom que se diga que há exceções. No sentido Mucugê - Aracaípe o padrão e o visual melhoram, mas não posso fazer recomendações porque há muitos anos não fico por ali.
 
Na praia do Parracho está o agito e a azaração. É a it praia de Arraial, lá ficam as famosas Uiki-Parracho (que sempre promove festas badaladas dia e noite) e a Cabana Grande, com pufes, espreguiçadeiras, futtons, vários ambientes... mas há barracas também para quem quer um clima mais zen, para a galera que curte um reggae, para família, pra todo mundo. Eu não gosto muito dessa praia por causa da praia mesmo, acho a areia estreita, o mar bravo, mas as estruturas são muito boas.
 
A praia da Pitinga é a minha praia, mais precisamente o espaço Flor de Sal. O ambiente é delicioso e de lá se pode avistar as lindas falésias do Taipe, a galera voando de asa delta... A estrutura da Flor de Sal é diferenciada e eu já falei dela no post anterior.
 
Taípe é a praia pra quem quer relaxar totalmente e curtir uma paisagem selvagem. Muita gente vai caminhando pra lá, principalmente os gringos que parecem curtir a praia de verdade (e não as barracas de praia), muito mais que a gente. Eles levam a canga, água, um lanche e ficam lá desfrutando da natureza linda da costa nordestina, cenário que eles certamente (e infelizmente) celebram mais que a gente.
 
Outra informação: nos meses de verão as praias de Arraial ficam deliciosas, com vento na medida certa e a maré começa a subir a partir do meio da tarde.  No meses de inverno e início da primavera venta bastante, chove mais, a maré sobe mais cedo e nas praias do Parracho, Mucugê, Pitinga e Taípe o mar fica muito agitado. No outono também tem muito vento (ideal pros kitesurfistas).
 
Em resumo, o litoral do Arraial é lindo, diversificado e  vale a pena ser explorado. Eu recomendo entre 5 e 8 dias inteiros pra curtir tudo, Arraial e as redondezas. 
 
É isso, se tiver esquecido de algo, acrescento depois. Se quiserem perguntar, escrevam!
 
E não se esqueçam que as fotos estão no instagram:
 
 @emmeioatudoisso (sigam!!!).
 
Beijos e hasta la vista (próximo post, atendendo pedidos, será sobre Buenos Aires).